Portos em 2026: tendências e impacto na movimentação de cargas
Por Rafael Simon, Diretor Executivo da Acro Cabos de Aço
O setor portuário brasileiro deve continuar a expandir em 2026, com reflexos diretos sobre as operações de elevação, amarração e movimentação de cargas. O crescimento do volume operado nos portos tende a ampliar a demanda por equipamentos e estruturas capazes de suportar cargas mais pesadas, maiores ciclos de trabalho e exigências técnicas cada vez mais rígidas.
A perspectiva para o próximo ano se fundamenta nos resultados excepcionais que o setor apresenta ao longo de 2025. Entre janeiro e setembro, os portos nacionais movimentaram 1,04 bilhão de toneladas, um aumento de 3,25% em relação ao mesmo período de 2024. Apenas em setembro, foram 120,4 milhões de toneladas, recorde para o mês e 4,84% acima de setembro do ano passado, fechando o terceiro trimestre com 378,2 milhões de toneladas em uma alta de 6% na comparação com 2024.
Os dados do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) revelam ainda que todo este avanço foi puxado principalmente pelas cargas conteinerizadas, cujo fluxo cresceu 6,5% no trimestre, refletindo o aquecimento do comércio exterior. É interessante notar que este desempenho parece ir na contramão do fato que mais ocupou as manchetes relacionadas ao setor nos últimos meses: as tarifas impostas pelos EUA. O que acontece, porém, é que, após o tarifaço, as exportações brasileiras redirecionaram-se para outros mercados.
Em agosto, tivemos saltos de vendas para parceiros como Índia (+348%), México (+97%), Argentina (+50%) e China (+12%), enquanto o volume exportado para os EUA recuou 17%. Esses números ilustram a capacidade de adaptação do Brasil, diversificando destinos e aproveitando oportunidades globais mesmo diante de barreiras comerciais.
Os resultados positivos impactam também o segmento de amarração, elevação e movimentação de cargas. Uma área formada por profissionais e equipamentos essenciais para operacionalizar a atividade portuária, não só em termos de eficiência, mas também em aspectos de segurança, já que estamos falando de operações complexas e de elevado risco. Por isso, é importante estar atento ao desenvolvimento desse setor e às tendências para 2026.
Perspectivas de investimentos e inovação no horizonte
O crescimento recente no setor de portos lançou bases sólidas para novos projetos, e há uma convergência de esforços público-privados para modernizar e expandir a capacidade portuária do país.
Segundo o governo federal, o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê, até 2026, mais de R$ 47 bilhões em investimentos no setor, sendo R$ 4,7 bilhões em recursos públicos e R$ 42,5 bilhões oriundos da iniciativa privada. É a primeira vez que o programa projeta investimento privado superior ao público, um sinal de que há apetite dos investidores em aproveitar as oportunidades de infraestrutura.
Um dos vetores mais importantes para o próximo ano é o programa de concessões e arrendamentos portuários. Desde o início deste ano, o MPor trabalha com uma das maiores carteiras de licitações da história e em 2026 estão previstos pelo menos mais 21 projetos, incluindo 17 novos arrendamentos de terminais em portos públicos e 4 concessões de canais de acesso. Isso totaliza, entre 2025 e 2026, mais de 40 leilões de ativos portuários, com expectativa de atrair cerca de R$ 20 bilhões em investimentos privados para ampliações e modernizações.
Entre os projetos de destaque no pipeline está o novo terminal de contêineres de Santos, o Tecon Santos 10, cujo edital está em preparação. Esse empreendimento, considerado um dos maiores da América Latina no segmento, é visto como essencial para atender à demanda futura de movimentação e armazenagem de contêineres no país.
Estima-se que o Tecon Santos 10 atraia R$ 5,6 bilhões em investimentos privados ao longo de 25 anos, elevando a capacidade anual do complexo santista de 6 milhões para 9 milhões de TEUs (contêineres de 20 pés, unidade padrão de capacidade portuária), gerando demanda por um grande volume de novos guindastes e equipamentos de movimentação de carga.
Iniciativas inovadoras também despontam, como a concessão do canal de acesso aquaviário dos portos do Paraná (Paranaguá e Antonina) à gestão privada em um modelo inédito que visa agilizar obras de dragagem e manutenção dos canais. No campo dos terminais de uso privado, há projetos de grande porte como o novo porto da mineradora Bamin em Ilhéus (BA), voltado à exportação de minério de ferro, que figura entre os maiores investimentos privados em andamento.
No campo tecnológico e operacional, 2026 deve aprofundar tendências de inovação que já despontam nos portos brasileiros. A necessidade de ganhar eficiência para lidar com volumes crescentes torna inevitável a adoção mais ampla de automação e digitalização nas atividades portuárias. Muitos terminais já investem em sistemas operacionais integrados, IoT e análise de dados para otimizar o fluxo de cargas.
A partir de 2026, deve aumentar o uso de guindastes automatizados ou semiautônomos, sistemas de gate inteligentes, uso de inteligência artificial no controle de tráfego de contêineres e plataformas digitais de monitoramento em tempo real das operações.
Crescimento impulsiona demanda por equipamentos de elevação e movimentação
Para o segmento da amarração, elevação e movimentação de cargas, esse panorama traz grandes oportunidades de crescimento e inovação, ao mesmo tempo em que exige compromisso contínuo com a qualidade, segurança e eficiência. A infraestrutura portuária está sendo colocada à prova para atender volumes maiores, o que exige equipamentos robustos, confiáveis e eficientes de içamento, como guindastes de cais, pontes rolantes, transtêineres, empilhadeiras de grande porte, entre outros.
Nesse cenário, cresce a necessidade de cabos de aço de alta resistência, cintas tubulares e sling, lingas de 4 pernas do tipo aprovado e cabos navais. Estes e outros dispositivos para movimentação, elevação e amarração de cargas são fundamentais para garantir a segurança e a produtividade. Empresas especializadas que atuam no fornecimento de soluções para elevação e movimentação de cargas devem ter um relacionamento estratégico com os operadores em terminais e disponibilizar produtos certificados aliados a suporte técnico de alta qualidade.
As demandas atuais e futuras seguem desafiadoras. E com navios maiores e cargas mais pesadas circulando, qualquer falha em um cabo, cinta ou dispositivo de içamento pode significar desde atrasos logísticos até riscos à integridade das pessoas e mercadorias. Investir em manutenção preventiva, inspeções frequentes e na capacitação de pessoal para manuseio correto desses equipamentos também deve ser uma prioridade para operadores portuários preocupados em acompanhar o ritmo de crescimento sem comprometer a segurança.
Mercado aquecido para equipamentos de movimentação
Do ponto de vista de mercado, vive-se um momento bastante aquecido para os fornecedores de equipamentos de movimentação portuária. Após anos de incertezas, uma série de medidas governamentais e setoriais tem destravado investimentos nesse segmento.
A prorrogação do regime tributário Reporto (incentivo fiscal para aquisição de equipamentos) até o final de 2028, por exemplo, deu segurança jurídica e estímulo para terminais tirarem projetos do papel. Segundo a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), diversos terminais anunciaram a aquisição de equipamentos graças à volta do Reporto, destravando investimentos na ampliação ou renovação de frota de guindastes e componentes de movimentação.
A entidade destaca que os projetos em andamento visam atender à demanda crescente, especialmente no segmento de contêineres. Entre os exemplos recentes estão as expansões de terminais em Santos (SP), que estão aumentando a capacidade e adquirindo novos portêineres, a ampliação da Portonave, em Navegantes (SC), com aquisição de gruas adicionais, e a retomada do terminal de Itajaí (SC) sob nova administração, que também envolve a compra de equipamentos modernos.
Diante desse cenário, 2026 tende a consolidar uma nova fase para os portos brasileiros, mais moderna, exigente e orientada à eficiência operacional. Para quem atua na cadeia de movimentação de cargas, o momento exige preparo técnico, capacidade de adaptação e atenção redobrada às tendências tecnológicas, regulatórias e logísticas que estão moldando o setor. Estar pronto para atender esse novo padrão de operação é não apenas uma vantagem competitiva, mas uma condição indispensável para seguir relevante em um mercado que avança em escala, complexidade e responsabilidade.
Sobre a Acro Cabos
Especialista em soluções para elevação, amarração e movimentação de cargas, a Acro Cabos de Aço atua no mercado há mais de 25 anos. A empresa é reconhecida pela excelência de seus produtos e serviços, que atendem às mais rígidas exigências do mercado com certificações que atestam seu compromisso com a segurança e a qualidade. Saiba mais: https://www.acrocabo.com.br/